O homem, como
animal que é, possui dentre os seus instintos o que eu gosto de chamar como o
instinto da ciência.
Este instinto
é figurado em desenhos e filmes como um anjo e um demônio, os quais diante de
uma decisão argumentam em nosso subconsciente para que possamos decidir
corretamente.
Podemos
dizer, com outras palavras, que este instinto nada mais é que o bom senso. Ou
seja, aquela pré-instrução do ser humano, a qual certos atos tornam-se óbvios e
outros indiscutivelmente inviáveis, sem que alguém precise nos dizer.
A prova disso
é que quanto mais inocência (não inocência no sentido de não conter culpa, mas
inocência no sentido de livre de malícia/estado de boa fé) temos, menor será
nossa capacidade de contra-argumentar ao instinto da ciência. Uma criança, por
mais nova que seja, ao ser pega com a “mão na botija”, enrubesce. Algumas até
mesmo chegam a chorar e ficar tristes por terem feito algo errado.
Quando mais
velhos, nos acostumamos à cometer erros sem que nossa consciência acuse este
erro. E aí que está o perigo. Corremos o risco de não percebê-los.
Todavia,
haverá um momento que certos erros irão pesar em nossas vidas, e, nesse
momento, a primeira palavra que deixamos sair de nossa boca é “desculpa”.
Desculpa é um
pedido comum de um ofensor à um ofendido ou prejudicado para que lhe retire o
peso da sua culpa. Lembrando que a culpa não é materialmente pesada ou
mensurável. A culpa está ligada unicamente ao ato, sua gravidade; como também a
pessoa ofendida, status social, proximidade entre ambos.
Assim sendo,
podemos considerar que, se o perdão deve ser proporcional a ofensa cometida,
quanto maior a culpa em sua gravidade, maior deverá ser a capacidade de perdoar
da pessoa ofendida.
Como é bonita
a remissão. Não é qualquer pessoa que possui esse belo potencial. É necessário
mais do que uma palavra para que haja o perdão. Não é tão simples como dizer
“Claro, está perdoado” , isso todos dizem, assim como muitos pedem remissão sem
se julgar errados de fato.
A remissão é
a capacidade de perdoar a um ofensor, considerando sua humanidade. Reconhecer
que como ser imperfeito, o ofensor possui em si a margem de erro.
Isso não
significa que o erro torna-se justificado, apenas significa que este pode ser
considerado como compreensível.
Compreender é
um árduo feito, pois, não é possível acontecer sem que se coloque no lugar do
indivíduo a ser compreendido. Requer que abramos mão de nosso orgulho, de
nossos incômodos, de nossos próprios julgamentos e preconceitos (ato de julgar
antes de ter conhecimento, ou criar imagem de algo ou alguém pela aparência),
nossas mais dolorosas misérias.
A dor de quem
erra o leva a pedir o perdão. No entanto, a dor para remissão é tão maior, que
torna o perdão uma beleza mal valorizada em nossos tempos.
Ouvir que
está sendo perdoado à pouco se compara a sentir-se perdoado, cuja única fonte
de transmissão é o sincero afeto de quem perdoa.
Não há como
não admirar o perdão. Não tem como negar a nobreza, humanidade e sutileza da
pessoa que consegue conceder a remissão.
Olá Cesar,
ResponderExcluireu vim aqui te parabenizar mais uma vez pelo seu texto, e você realmente me surpreende, seu texto está ótimo, e nos contempla o sentimento do perdão da melhor e mais sincera forma, conforme o nosso amadurecimento. Eu a cada dia te admiro mais e mais, vc é um ótimo escritor, aproveite mesmo esse dom. Vc também esta se tornando a cada dia uma pessoa melhor. Conte sempre comigo, sou sua amiga e sua maior fã.
beijos
Mari Matias
Obrigado Mari. Saiba que o sentimento é recíproco. Beijos!
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