domingo, 5 de janeiro de 2014

O Novo Poeta


Com a inspiração do sossego e as companhias da solidão e da lembrança de um profundo desejo, lia palavras e versos não escritos num papel ainda em branco, o qual refletia em seu rosto a luz de seu abajur.
Com sonhos de seu coração e as ideias de sua mente, agravados por ter o peito mergulhado num anseio por um amor verdadeiro, fez a tinta escorrer artisticamente dedicada, qual uma jovem dançarina à encantar a cada pequeno gesto, a cada momento de silêncio, a cada ponto que firmava sua atitude. 
Com a frieza calculista de um estrategista perverso, estudava cada palavra e momento na descrição de seu sentimento, temendo o quão forte poderia ser seu contra-ataque, mas admitindo que sua existência merecia ser encarada. 
Com um sorriso no canto do lábio e o brilho nos olhos, tão próprio de um homem apaixonado, lembrou-se de momentos não vividos, mas certo de que o aguardavam, como uma encomenda do destino, chamada consequência. 
Com três pingos de cera de uma vela rúbia selou o envelope que continha a chave para sua felicidade, e sabia que a porta seria aberta, pois ela já havia provado que o novo poeta já não chora ou lamenta, mas como fruto maduro, é seguro e persistente. 
Com uma gota a brotar no canto do olho direito e um calor intenso provindo de seu interior como se tivesse sido alimentada de um sol, ela leu e releu cada letra, palavra, espaço, verso, buscando viver e sentir cada instante descrito por seu amante não anônimo. 
Com poucas palavras para descrever tanta felicidade, ela mirou o céu e atirou agradecimentos por ter encontrado um homem que lhe ama como mulher, em cada um de seus sonhos, em cada esforço, em cada charme, a todo dia, por todo o sempre. 
Com pouco esforço e sofrimento, o novo poeta reinventou a poesia: outrora, dos donos do grande sofrer; hoje, daqueles que souberam viver. 


César Fonseca

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Um Feliz 2.014!!!


Felicidade. Quem nunca disse para alguém ou para si mesmo: "Eu quero ser feliz!". 
Acredito que em algum momento de nossa vida já o dissemos. E é um tanto quanto óbvio, pois é um dos sentimentos mais perfeitos que o ser humano pode desfrutar. Como o sentimento do amor, a felicidade nos dá a sensação de preenchimento. Faz-nos sentir completos. Não falta nada. Está tudo bem. 
Mas, o que poucos de nós sabem, é que a felicidade é diferente daquela ideia que todos sempre nos ensinaram. A felicidade não é um sentimento que depende do mundo. Do exterior ao nosso coração. Muito pelo contrário, a felicidade parte de nosso próprio coração. E é justamente por esse motivo, que tão poucas pessoas se dizem sentir-se feliz. 
Aqui está outro detalhe: sentimos felicidade. Diferente de somos felizes. Ser feliz é estar num estado de vida onde tudo é perfeito, não temos problemas, tudo vai bem. Isso é um tanto quanto utópico, porque nossa vida é cheia de vai e vens. Hora estamos sorridentes e satisfeitos com tudo, hora estamos tristonhos e passamos tantas horas resmungando do quanto a vida é injusta ou da má sorte que temos. E é por isso que a felicidade é um estado e não uma constância. Estamos felizes, e não, somos felizes. 
O bacana disso é que podemos estar felizes mesmo não sendo felizes. 
Podemos sentir-nos felizes sem ter motivos para isso. Porque nós mesmos criamos os motivos para ser ou não felizes. 
Isso quer dizer nada mais, nada menos, que culpar o mundo, os outros, o alinhamento planetário, ou o signo do horóscopo, é no mínimo injusto. Porque a nossa felicidade depende unica e somente de nossa pessoa. 
Mas como, quer dizer então que eu gosto de sofrer? Se a felicidade dependesse de mim, porque eu não seria feliz? 
Pois é... Aí é que está o erro dos nossos pais ao nos ensinarem que, felicidade, nós temos quando ganhamos presente, quando comemos bolo de chocolate com nozes, ou quando estamos no parque de diversão. A felicidade não é isso. Não funciona assim. E desta forma que o que eu disse no início vem nos agregar. A felicidade é um estado e não uma constância. Não somos felizes porque temos motivos, mas sim porque VEMOS motivos. 
É impossível só ter motivos para ser feliz na vida. E um exemplo claro disso é o fim de um relacionamento no qual apostamos cada segundo da nossa vida desde o seu início. Sentimo-nos perdidos quando terminamos. Mas porque tínhamos uma visão do que era felicidade, do que nos traria a felicidade, e aquela pessoa fazia parte dos nossos planos. Quando ela saiu do plano... simplesmente nada mais fazia sentido. Só que se pararmos para pensar, nós vivíamos sem ela antes de tudo ter início. E é aí que as coisas se encontram. Precisamos dar-nos novos motivos para sermos felizes. 
Como o próprio Albert Einstein dizia: "A felicidade não se resume na ausência de problemas, mas sim na sua capacidade de lidar com eles.” Não é o que acontece, ou o mundo externo. De certo que o é a nossa forma de vê-los e reagir à eles. 
Então, se o mundo inteiro parece triste, ou se o seu dia não vai bem, não se deixe contagiar. Feche os olhos, lembre-se que a vida é sua, e que você faz dela feliz ou não. Saiba conviver com suas dores. Não cutuque a sua ferida, porque senão, ela nunca irá cicatrizar, e além de continuar sangrando, uma infecção pode vir até mesmo te matar. Só saiba que qualquer pessoa tem suas feridas, mas saber viver é justamente deixar o tempo curá-las e continuar olhando para frente. 
Desejo a todos que lerem este post um 2.014 maravilhoso, repleto de motivos para serem felizes, e que caso não existam esses momentos, que vocês possam encontrá-los escondidos num bom dia de um parente, colega de trabalho ou até mesmo desconhecido, e que possam fazer de cada instante da sua vida, uma verdadeira história de felicidade, afinal de contas: "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar na verdade não há." Então, não desperdice o seu tempo com infelicidade. Saiba ver na desgraça um futuro motivo para sorrir. Porque é justamente a nossa felicidade que torna as coisas mais simples da vida, momentos inesquecíveis.

Feliz 2.014! 

César Fonseca

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O amor puro e o amor a si mesmo




O amor puro e o amor a si mesmo

O que é maior e mais valioso: o amor que temos por alguém, ou o amor que alguém tem por nós? O que é mais importante: amar ou ser amado? Eu já ouvi muitas vezes estas perguntas, e, sinceramente, só vejo um único interesse nessa perplexidade: orgulho e egoísmo.

Desde o início da humanidade o amor foi o sentimento por excelência. O amor encanta, rompe obstáculos, nos faz ver o mundo por outro prisma, nos faz mudar ou reavivar nossos valores, nos faz decidir energicamente qual caminho seguir. Mas, olhando para o mundo, vendo como as pessoas dizem amar e o mostram em suas escolhas, percebo que quase ninguém entende o que de fato é o amor.

As pessoas tendem a confundir o amor puro e verdadeiro com o amor que tem a si mesmas. Em outras palavras, não amam alguém por quem ela é, mas a amam porque de alguma forma lhe convém, e só vão amá-la enquanto convém.

Ele lhe chama de linda e diz que não resiste a sua beleza, mas ele sempre vai estar ocupado demais para ouvir os seus problemas. Eles não lhe importam. Apenas sua beleza. E quando ele parar para ouvir o que você tem a dizer, irá esquecer em menos de uma hora, e praticamente sempre o fará ter algo em troca.

Ela se arruma toda para você e faz de tudo para que se apaixone por ela, e no fim das contas o que mais a torna feliz é o gostinho que sente ao contar para as amigas o presente que deu para ela, ou o quanto é louco por ela. “Ele nunca me deixaria”. Todavia, se aparecer um cara mais interessante (alguém que as amigas vão adorar), o amor dela por você acaba instantaneamente, você só vai fazer besteira a partir desse momento. Ela vai se iludir, afinal, acredita que corpo, beleza e dinheiro vão lhe fazer feliz, e diz que o ama. Porém, no fundo, ama o gosto de andar com o namorado e ver as outras mulheres babando de inveja.

Será que isso é amar alguém? Infelizmente, não. E isso tem causado o fim de muitos relacionamentos. Isso tem feito muitas pessoas desistirem do amor e julgá-lo impossível ou fantasioso. No entanto, o amor existe. Só que não está onde muitos procuram.

O amor não é a escrita da poesia, mas sim, o sentimento que cada palavra traz consigo. O amor não é um presente dado, mas o desejo de vê-la sorrir por ver o quanto se esforça para fazê-la feliz, e ser feliz também por ver o sorriso mais bonito que conhece estampado no rosto de sua amada. O amor não é estar sempre sendo elogiado e sentir-se um deus, perfeito e repleto de qualidades, mas é admirar no outro o esforço que tem para melhorar seus defeitos por você, e ajudá-lo a conseguir, não por você, mas por ela. O amor não aumenta ao sermos admirados ou queridos, mas sim quando aprendemos a admirar quem o outro representa: seus valores, suas ideias e seu modo de viver. O amor não é aquele jeito de dizer que está tudo bem quando o outro erra para não ter o trabalho e preocupação de fazê-lo ver que não deve se repetir, mas ser compreensível, atencioso e paciente, e mostrá-lo que errou por temer vê-la sofrer. O amor não faz nada para ser reconhecido ou compensado, mas é o não medir esforços para ver o outro bem. O amor, enfim, é ser feliz com a felicidade do amado, é servi-lo em cada momento da vida, não como uma obrigação, mas como proteção, companheirismo, carinho, compaixão e afeto, e ao fim do dia estar satisfeito por ver o outro bem, e não por ele ter visto o que você fez.

O amor verdadeiro é aquele que é puro. Sem segundas intenções. Sem pensar nas vantagens. Para quem ama, não existem desvantagens. Feliz quem aprendeu a amar com sincero sentimento, e sorte de quem encontrou alguém que o ame por ser quem é, e não o que aparenta. 

domingo, 25 de novembro de 2012

Sentimento de Vazio



Sentimento de Vazio

Ás vezes sinto uma saudade tremenda de quando era criança. Tudo parecia divertido e sempre que queria algo, de tê-lo nunca perdia a esperança. O que era impossível conquistar naquele momento eu dizia a mim mesmo que o teria quando pudesse trabalhar. Mas eu cresci e vi que as coisas não são tão fáceis assim. Infelizmente tudo é mais caro e ardoroso do que imaginava aquela inocência dentro de mim.

Nem tudo realmente tem preço e a falta de algumas coisas mexe diretamente com os nossos sonhos. Em certos momentos sentimos a voz se sufocar. Não sabemos ao certo o que está acontecendo. O peito aperta e tudo parece diferente. O mundo parece diferente. Nasce um sentimento pesado que dá-nos a ideia de que algo está faltando. Nós o chamamos de Vazio.

Existe o vazio de quem se vê distante de seu objetivo, e o vazio de quem não sabe qual caminho seguir. Existe o vazio passageiro e o vazio rotineiro. Existe o vazio que faz chorar e o vazio que somente nos incapacita sorrir. Existe o vazio de quem perdeu algo ou alguém que ao seu lado tinha, e o vazio de quem abandonou quem amava e teve que partir.

O vazio é um sentimento perigoso que toca no profundo desejo de viver. Faz-nos sentir-nos como marinheiros em mar tempestuoso, abandonados a própria sorte, sem esperar que alguém venha nos socorrer.

O vazio é um grito agonizante da alma para que paremos um segundo para nos conhecer. Saber exatamente o que importa, os nossos valores, os nossos amores e assim amadurecer.

O vazio é a chance de acordar para a realidade, abandonar velhos sonhos e desejos que, antes grandes, hoje são pequeninos demais para nos preencher. É o que limita nossa infantilidade, e nos obriga amargamente a mudar de vida e crescer.

O vazio é a frustração por não encontrar na vida, no nosso atual caminho, o que consegue de fato nos fazer sorrir. Mas tudo bem, nada melhor que o nascer de um novo dia, para percorrermos outro percurso, até encontrarmos o melhor caminho a seguir.

O vazio mesmo quando constante se atenua com um abraço amigo. Mas não nos enganemos com momentos breves e alguns risos. A vida não é um parque de diversão como muitos pensam. E é exatamente por querer só brincar, ou outros por demais se limitar, que o vazio os atormenta.

Os golpes pesados da vida não devem nunca nos deixar desistir, pois não há nada melhor do que se superar e ver o quanto batalhamos para chegarmos até aqui. Não deixe que lágrimas que escorreram levem seu rosto ao chão, mas faça-as valerem apena e com esperança se entregue a uma nova emoção.

Nada há de mais belo que um sorriso, e que este possa ser seu então. Ninguém e nem nada no mundo tornará completo o seu coração.

Saiba viver. Confie em si mesmo. E se nenhum passo a sua frente puder ver, que seus os primeiros possam ser. A paz está em você, apenas não a tire de onde está para ocupar o seu lugar com algo banal, impossível ou temporário, mas somente com aquilo que faça valer apena viver.  

César Fonseca

sábado, 27 de outubro de 2012

Quando tudo acaba... mas o amor não vai na mala



Quando tudo acaba... mas o amor não vai na mala

Tudo o que faz parte da nossa vida acaba fazendo parte de nós também. E é isso o que acontece quando estamos em um relacionamento. Nós nos apegamos a pequenas coisas como fazer ou receber ligações durante a noite, simplesmente para confessar: “Te amo! Queria muito que estivesse aqui agora”. Ou, acordamos pela noite e ficamos vendo-a dormir, pensando no quanto somos sortudos por estar ao seu lado. A vida passa, e nem sempre temos escolha sobre como será o amanhã. Infelizmente, quando mais dependemos dessa pessoa, tudo acaba.

A casa parece enorme. Não conseguimos dormir a noite. Ela não está aqui. Dormir parece não ter sentido. Olhamos o celular para conferir se temos alguma mensagem ou ligação perdida, mas no fundo nós sabemos que ela não vai mandar mensagem alguma, tão pouco ligar. Que vazio gigantesco no peito. Chega a doer fisicamente. Antes a falta de um braço ou uma perna a perder o conteúdo mais precioso do nosso coração: a pessoa amada.

Os dias demoram a passar. Nossos Hobbies já não têm graça. Nossos erros e teimosias nos fazem sentir a consciência pesar: “foi por causa dessas besteiras que a perdi?”. Ah, se arrependimento matasse...  o pior é que não mata.

A nossa emoção nos domina quase que por completo. Amigos e parentes tentam nos ajudar. É impossível não ver a nossa dor. Para quem ainda não sabe o que aconteceu poucas palavras bastam para compreenderem a razão de tal sofrimento.

O pouco da razão que temos nos diz que precisamos continuar o nosso caminho. Essa pessoa não é o motivo da nossa vida, não morreremos sem ela, mas sabemos como tudo seria melhor se ela estivesse aqui. Por dentro estamos mortos, e um corpo vazio é o que se vê em nosso semblante. Nossos planos, sonhos, idealizações e realizações tinham o nome dela no projeto ou resultado. Nossa inspiração para fazer tudo acontecer.

O tempo que era dela nós usamos agora para recalcular as coordenadas do nosso destino. É preciso viver. É preciso saber que o ter é um dom divino e a perda uma tragédia natural e inevitável.

Durante muito tempo nos pegamos chorando, como um dependente químico que sente falta daquele prazer, daquele sonho, da nossa fuga da realidade. Entretanto, chega o momento de nossa reabilitação, e nada como um banho de realidade para começar: “sim, realmente foi muito bom enquanto durou, mas agora acabou, e a vida continua”.

Não queremos e nem precisamos esquecer os momentos bons. Fazem parte da nossa história. Ainda fazem parte de quem somos. Todavia, o passado não deve ser o presente para que não percamos a chance de um futuro melhor. Ainda existem pessoas que precisam de nós e querem nos ver bem, e por elas que vale apena travar esta difícil batalha.

O tempo passa e percebemos que a vida tem muito mais a nos oferecer do que imaginávamos. Novos amigos, novos momentos inesquecíveis. É quando o passado fica onde deve estar e nos permitimos ser feliz. Conheceremos outras pessoas, por quem iremos nos encantar novamente - desde que não coloquemos obstáculos, é claro.

Teremos em nossa vida a marca da experiência e saberemos como fazer o novo amor valer apena e prosperar. Não cometeremos os mesmos erros. A felicidade voltara para casa, e chegaremos a acreditar que as nossas lágrimas, os nossos erros, o nosso passado, serviram para nos preparar para quem realmente merece o nosso amor.

Em algum tempo, estaremos rindo, lembrando-nos do quanto ficamos desesperados e perdidos. Entenderemos, finalmente, que o destino prega peças para amadurecermos e darmos valor a vida e por isso que quando tudo acaba, e ela vai embora, nunca levará consigo o nosso amor em sua mala, pois é ele quem nos ensinará a viver e sermos felizes, quiçá para todo sempre.

César Fonseca

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Quando não somos aquilo que o outro procura



Quando não somos aquilo que o outro procura

Encontrar alguém especial, que faça reluzir em nós aquele brilho do encanto, não é fácil. Como se isso não bastasse, ainda estamos sujeitos a outra dificuldade: quando não somos aquilo que o outro procura.

Sinceramente, não há nada pior do que encontrar alguém que nos desperte os mais fortes sentimentos, domine a nossa razão, prenda o nosso olhar e roube nossa admiração, sem deixar a mínima esperança de reciprocidade. Digo com toda a certeza: dói mil vezes mais do que não encontrá-la.

As nossas convicções se tornam apenas um cenário colorido de uma peça de teatro, que possui momentos deslumbrantes, mas que por fim terá sempre o mesmo desfecho: as cortinas se fecham, a platéia vai embora, as luzes se apagam, e cá estamos no escuro, esperando a peça novamente começar.

Será em muitas vezes como uma amizade, daquelas que nunca terá fim. Amigos para sempre. Para todos os momentos. Principalmente para se falar de relacionamento. Casos, namoricos, paixões. E nós ouvimos a tudo atentamente. Sorrimos e procuramos aconselhar. Afinal, somos amigos, o que mais poderíamos fazer? O problema é que em nosso interior, sentimos fortes tempestades de sentimentos clamando para chover boca afora.

Entretanto, é tão bom tê-la por perto. Não podemos correr o risco de perder os momentos de convívio. Os abraços. O carinho gostoso no cabelo. Ou, aquela conversa por MSN que às vezes consome nosso dia inteiro e nem percebemos. E a explicação de tudo isso? Claro, tinha que sobrar, como sempre, para o tal do amor.

É ele que nos permite fazer loucuras por alguém que talvez nunca verá nosso esforço. Nunca reconhecerá nosso zelo para vê-lo bem. Porém, não deixamos de fazê-lo.

Em tempos, a dor aperta um pouco e sumimos por alguns dias. Inventamos uma desculpa qualquer. No fundo, estávamos recarregando as energias para o coração aguentar firme e forte esse sentimento que se espalha por todo o nosso ser e viver.

Queríamos conquistar, por um momento que seja, a atenção, o carinho e admiração dessa pessoa querida. Mas é como se fossemos pessoas neutras, incapazes de algo mais, de uma participação maior na vida desta.

Ficamos à espreita de uma oportunidade para se declarar, e quando essa aparece, com muito jeito perguntamos:

“E... eu? Você... não se vê comigo?”

Quase que sem levar a sério, e esperando que façamos o mesmo, a pessoa responde:

“Mas oras, claro que não, afinal de contas somos amigos.”

Desconcertados, e para não perder a prosa, dizemos algo para despistar:

“Ainda bem que não me apaixonei por alguém como você, imagina que tristeza ouvir isso”

Aproveitando a oportunidade, melhor não deixar dúvidas:

“Realmente, nada pior do que se apaixonar por alguém quando não somos aquilo que ela procura.”

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Amor em noite de inverno



Amor em noite de inverno

Sinto a temperatura amena do contraste entre o calor de tua presença e o frescor do inverno.

Um belo dia em que mergulhamos em risos e momentos de felicidade, enquanto o sol nos aplaudia distante na plateia, trouxe-nos a esse quarto como duas pobres vítimas de uma feroz alcateia de sentimentos. Nossos olhares dispensavam palavras a serem ditas. Nossas mãos unidas demonstravam a tranquilidade que nos unia e o nervosismo da presunção do que poderia se suceder. Teus lábios me recitavam poesias, cantavam-me cantigas, enquanto tocavam aos meus. Teus gemidos de prazer rompiam o silêncio mesmo sem o teu consentimento. Entendiam que para mim tua sinceridade faria soar campainhas alertando meu corpo a corresponder. Eu te sentia presa a mim como se fortes correntes nos entrelaçassem.

Ao se aproximar ainda mais, senti seu corpo unir-se ao meu, e confesso que minha consciência desapareceu, quando senti nossos corações no mesmo ritmo bater. Era como se um único coração habitasse nossos corpos.

Nossos movimentos, agora já intensos, pareciam seguir um roteiro pré-determinado, de toques e passos, que teriam o mesmo destino. Como um menino, vi-me maravilhado, seguindo a cada instante o acaso, desejando-o sem titubear, apaixonado pelo perigo.

Tua beleza me encantava, mas eu já não te via, a noite já caíra e só sua alma eu podia ver. No entanto, era tudo o que eu queria. Por todo o mundo eu te procurei, e a Deus agradeço porque te encontrei. Não se tratava de cabelos loiros ou morenos, olhos claros ou olhos negros, muito menos seu tom de pele, pois era seu amor e carinho que sempre pedia em minhas preces.

Entretanto, quando as nuvens abriram fresta e um clarão entrou pela janela, deslumbrei-me com o que ela veio me presentear: eram aqueles olhos apaixonados que fixamente me olhavam, enquanto tuas mãos a meu rosto acariciavam, domando-me qual selvagem fera, envolto por sua meiga serenidade, seu charmoso carinho, esse seu lindo jeitinho de me dar seu amor.

Inevitável beijo, molhado aos lábios, empírico ao coração. Forte e gélido arrepio, emocionante adrenalina da pacífica e devastadora paixão.

Abri os olhos sem poder evitar um sorriso, não fora um sonho, ao meu lado eu ainda te via dormindo, e te olhando relembrei cada instante. Fora uma noite longa, e enquanto te vi descansar, pude perceber o verdadeiro sentido de amar, e o quanto este será eterno desde que um ao outro sempre saiba valorizar.


César Fonseca

sábado, 1 de setembro de 2012

O Amor e a Decepção




O Amor e a Decepção

Navegando em redes sociais; no fim de relacionamentos amorosos, duradouros ou não; no fim de amizades; no rompimento de contratos; enfim, em vários momentos da vida, encontramos uma declaração de quem sofreu com um rompimento na relação com alguém: estou decepcionado.

A decepção é um dos traumas mais fortes ao ser humano, porque vai de encontro com as convicções que um indivíduo tem. A decepção provoca um sentimento terrível de traição, de instabilidade, de insegurança. É como acreditar viver no paraíso e descobrir que na verdade esse lugar extraordinário está cercado por um labirinto assustador, sombrio e misterioso. A decepção nos dá o choque de quem se permitiu acreditar e viu-se diante de uma mentira.

Entretanto, podemos nos aprofundar no que realmente significa a decepção.

A palavra decepção tem origem no latim, e quer dizer engano, desilusão. Acredito que desilusão é o melhor significado, e encontramos nele muitas variáveis com relação ao que permite que ela ocorra.

Desilusão é a quebra de uma ilusão, que consiste na criação de um cenário, objeto, ambiente, situação ou crença que estão fora da realidade, mas em que o iludido acredita cegamente. E aqui encontramos um erro comum em diversas pessoas e relacionamentos: a pessoa se permite acreditar numa ilusão criada por ela mesma, extingue a ideia de que o outro pode errar, e por tal erro desumano, acaba sendo castigado pelos próprios sentimentos de traição.

Desumano em dois sentidos: do iludido e do objeto de sua ilusão. A pessoa é injusta consigo mesma, criando uma expectativa suicida, improvável e sem critérios, de que o outro é um ser perfeito, praticamente um deus, pondo-se assim numa ocasião de risco, que poderá lhe trazer dor. E ela é ainda mais injusta com a outra pessoa, pois exige dela algo que não exige de si mesma: a perfeição. Exige que ela seja exatamente alguém que está em sua mente, e não quem realmente é. Exige que ela adivinhe seus desejos, seus sonhos, suas vontades.

Quando a pessoa objeto de ilusão comete um erro, a pessoa iludida acaba se decepcionando e estranhando aquele erro. Afinal de contas, não existe sonho com defeitos. Quem pretende comprar um carro, não imagina o seu carro com arranhões, furos no pneu, bateria descarregada, ou quaisquer problemas que um carro possa ter. Muito pelo contrário, imagina o seu carro com tudo aquilo que seja possível ter, e tudo funcionando perfeitamente.

Quem se ilude não dá espaços para erros. Não dá espaço para imperfeições. Não dá espaço para si mesmo ser feliz.

O problema é: como não se iludir? Como saber quando é amor ou quando é ilusão?

Infelizmente, a ilusão e o amor podem estar juntos. A diferença é que a ilusão quando acaba não tem volta. Já o amor, por mais que aconteça algo que gere uma decepção, sempre haverá espaço para o perdão, para se tentar novamente.

O problema disso tudo é que ninguém escolhe simplesmente se iludir, porque a ilusão está mais ligada ao sentimento e ao subconsciente do que a inteligência, lógica ou raciocínio.

A decepção tem seu território formado por tudo aquilo que há de melhor na vida. Nem sequer percebemos o erro que estamos cometendo, e tão pouco poderíamos imaginar que nossa confiança seria o buraco de uma angústia profunda.

Tenho plena certeza que quem já amou um dia sabe bem do que eu estou falando.

Eu estou falando daquele jeito de andar, sorrir, de movimentar as mãos, de bocejar, e até mesmo de espirrar que te encanta naquela pessoa que você vê entrando no mais íntimo sentimento, no mais complexo pensamento que tenha. Estou falando daquela pessoa que não precisou de muito para te convencer de que ela é diferente das demais. Daquela pessoa que até mesmo numa foto te deixa com cara de bobo. Um ser quase que angelical, que sabe dizer o que você precisa ouvir, e por sinal, que voz linda ela tem. O perfume difícil de esquecer, e fácil de ser notado, que quando percebido te faz dominar-se por um mix de ansiedade, nervosismo, medo, felicidade, paz e satisfação. Aquela pessoa que possui uma inteligência impressionante, que sabe falar de tudo e é madura, mas que não deixou de ser criança.

Enfim, estou falando daquela pessoa que nós acreditamos que será para nós tudo ou mais do que o que imaginamos, sonhamos, queremos.

O que eu quero deixar claro é que, a decepção, nem sempre possui motivo para existir. As pessoas são fracas, têm dificuldades, problemas, desilusões. Então, mesmo que alguém se esforce o máximo que possa, ela nunca será perfeita.

Talvez por isso demoramos tanto para encontrar alguém interessante como queremos: procuramos pessoas perfeitas. Procuramos pessoas que não existem. Queremos amar qualidade e não entendemos que o amor de verdade por alguém só existe quando amamos os seus defeitos. O amor sempre será incondicional. Não existe outra forma de amar. Não que seja sincero e verdadeiro.

O amor é admirar o esforço para se romper dificuldades no outro. É sentir o quanto ele sofre e entender porque às vezes comete erros. O amor é se preocupar mais com o outro do que consigo mesmo. O amor é chorar quando o outro sofre, é sorrir em ver o outro bem, é ser feliz pelo simples fato de estar ao seu lado.

O amor é o sentimento mais bonito que existe. Por isso, não podemos ter medo de nos decepcionarmos, apenas aprender à entender porque nos decepcionamos, e lembrar que aquela pessoa imperfeita, pode ser quem vai estar sempre do seu lado, aconteça o que acontecer.

Ninguém precisa de outra pessoa para viver, mas não existe sobreviver sem um amor de verdade. Quem ama de verdade não ama porque precisa, e sim porque sabe que aquele alguém será capaz de errar, mas que ao seu lado juntos se ajudarão a ser alguém melhor.


por César Fonseca

terça-feira, 31 de julho de 2012

Pequena Estrela


Triste destino de minh'alma
Condenada a vagar pelo mundo
Buscando um amor para ver-se salva
Buscando um amor que seja puro

Doce amor a embelezar meu jardim 
Doce amor a perfumar meu coração 
Toda felicidade devolva para mim 
Dê-me o direito de viver uma paixão 

Sinto a falta de seu carinho 
Meu coração vazio aguarda sua presença 
Procuro-te nos céus desde menino 
Vem brilhar no meu céu, Pequena Estrela

À você guardo todo o meu amor 
Pois só em seu semblante encontro minha paz 
Peço que liberte-me dessa insuportável dor
Se não for para te ter, prefiro não viver mais.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Remissão



O homem, como animal que é, possui dentre os seus instintos o que eu gosto de chamar como o instinto da ciência.
Este instinto é figurado em desenhos e filmes como um anjo e um demônio, os quais diante de uma decisão argumentam em nosso subconsciente para que possamos decidir corretamente.
Podemos dizer, com outras palavras, que este instinto nada mais é que o bom senso. Ou seja, aquela pré-instrução do ser humano, a qual certos atos tornam-se óbvios e outros indiscutivelmente inviáveis, sem que alguém precise nos dizer.
A prova disso é que quanto mais inocência (não inocência no sentido de não conter culpa, mas inocência no sentido de livre de malícia/estado de boa fé) temos, menor será nossa capacidade de contra-argumentar ao instinto da ciência. Uma criança, por mais nova que seja, ao ser pega com a “mão na botija”, enrubesce. Algumas até mesmo chegam a chorar e ficar tristes por terem feito algo errado.
Quando mais velhos, nos acostumamos à cometer erros sem que nossa consciência acuse este erro. E aí que está o perigo. Corremos o risco de não percebê-los.
Todavia, haverá um momento que certos erros irão pesar em nossas vidas, e, nesse momento, a primeira palavra que deixamos sair de nossa boca é “desculpa”.
Desculpa é um pedido comum de um ofensor à um ofendido ou prejudicado para que lhe retire o peso da sua culpa. Lembrando que a culpa não é materialmente pesada ou mensurável. A culpa está ligada unicamente ao ato, sua gravidade; como também a pessoa ofendida, status social, proximidade entre ambos.
Assim sendo, podemos considerar que, se o perdão deve ser proporcional a ofensa cometida, quanto maior a culpa em sua gravidade, maior deverá ser a capacidade de perdoar da pessoa ofendida.
Como é bonita a remissão. Não é qualquer pessoa que possui esse belo potencial. É necessário mais do que uma palavra para que haja o perdão. Não é tão simples como dizer “Claro, está perdoado” , isso todos dizem, assim como muitos pedem remissão sem se julgar errados de fato.
A remissão é a capacidade de perdoar a um ofensor, considerando sua humanidade. Reconhecer que como ser imperfeito, o ofensor possui em si a margem de erro.
Isso não significa que o erro torna-se justificado, apenas significa que este pode ser considerado como compreensível.
Compreender é um árduo feito, pois, não é possível acontecer sem que se coloque no lugar do indivíduo a ser compreendido. Requer que abramos mão de nosso orgulho, de nossos incômodos, de nossos próprios julgamentos e preconceitos (ato de julgar antes de ter conhecimento, ou criar imagem de algo ou alguém pela aparência), nossas mais dolorosas misérias.
A dor de quem erra o leva a pedir o perdão. No entanto, a dor para remissão é tão maior, que torna o perdão uma beleza mal valorizada em nossos tempos.
Ouvir que está sendo perdoado à pouco se compara a sentir-se perdoado, cuja única fonte de transmissão é o sincero afeto de quem perdoa.
Não há como não admirar o perdão. Não tem como negar a nobreza, humanidade e sutileza da pessoa que consegue conceder a remissão.