quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Amor em noite de inverno



Amor em noite de inverno

Sinto a temperatura amena do contraste entre o calor de tua presença e o frescor do inverno.

Um belo dia em que mergulhamos em risos e momentos de felicidade, enquanto o sol nos aplaudia distante na plateia, trouxe-nos a esse quarto como duas pobres vítimas de uma feroz alcateia de sentimentos. Nossos olhares dispensavam palavras a serem ditas. Nossas mãos unidas demonstravam a tranquilidade que nos unia e o nervosismo da presunção do que poderia se suceder. Teus lábios me recitavam poesias, cantavam-me cantigas, enquanto tocavam aos meus. Teus gemidos de prazer rompiam o silêncio mesmo sem o teu consentimento. Entendiam que para mim tua sinceridade faria soar campainhas alertando meu corpo a corresponder. Eu te sentia presa a mim como se fortes correntes nos entrelaçassem.

Ao se aproximar ainda mais, senti seu corpo unir-se ao meu, e confesso que minha consciência desapareceu, quando senti nossos corações no mesmo ritmo bater. Era como se um único coração habitasse nossos corpos.

Nossos movimentos, agora já intensos, pareciam seguir um roteiro pré-determinado, de toques e passos, que teriam o mesmo destino. Como um menino, vi-me maravilhado, seguindo a cada instante o acaso, desejando-o sem titubear, apaixonado pelo perigo.

Tua beleza me encantava, mas eu já não te via, a noite já caíra e só sua alma eu podia ver. No entanto, era tudo o que eu queria. Por todo o mundo eu te procurei, e a Deus agradeço porque te encontrei. Não se tratava de cabelos loiros ou morenos, olhos claros ou olhos negros, muito menos seu tom de pele, pois era seu amor e carinho que sempre pedia em minhas preces.

Entretanto, quando as nuvens abriram fresta e um clarão entrou pela janela, deslumbrei-me com o que ela veio me presentear: eram aqueles olhos apaixonados que fixamente me olhavam, enquanto tuas mãos a meu rosto acariciavam, domando-me qual selvagem fera, envolto por sua meiga serenidade, seu charmoso carinho, esse seu lindo jeitinho de me dar seu amor.

Inevitável beijo, molhado aos lábios, empírico ao coração. Forte e gélido arrepio, emocionante adrenalina da pacífica e devastadora paixão.

Abri os olhos sem poder evitar um sorriso, não fora um sonho, ao meu lado eu ainda te via dormindo, e te olhando relembrei cada instante. Fora uma noite longa, e enquanto te vi descansar, pude perceber o verdadeiro sentido de amar, e o quanto este será eterno desde que um ao outro sempre saiba valorizar.


César Fonseca

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