Quando não somos
aquilo que o outro procura
Encontrar alguém especial, que
faça reluzir em nós aquele brilho do encanto, não é fácil. Como se isso não
bastasse, ainda estamos sujeitos a outra dificuldade: quando não somos aquilo
que o outro procura.
Sinceramente, não há nada pior do
que encontrar alguém que nos desperte os mais fortes sentimentos, domine a
nossa razão, prenda o nosso olhar e roube nossa admiração, sem deixar a mínima
esperança de reciprocidade. Digo com toda a certeza: dói mil vezes mais do que
não encontrá-la.
As nossas convicções se tornam
apenas um cenário colorido de uma peça de teatro, que possui momentos
deslumbrantes, mas que por fim terá sempre o mesmo desfecho: as cortinas se
fecham, a platéia vai embora, as luzes se apagam, e cá estamos no escuro,
esperando a peça novamente começar.
Será em muitas vezes como uma
amizade, daquelas que nunca terá fim. Amigos para sempre. Para todos os
momentos. Principalmente para se falar de relacionamento. Casos, namoricos,
paixões. E nós ouvimos a tudo atentamente. Sorrimos e procuramos aconselhar.
Afinal, somos amigos, o que mais poderíamos fazer? O problema é que em nosso
interior, sentimos fortes tempestades de sentimentos clamando para chover boca
afora.
Entretanto, é tão bom tê-la por
perto. Não podemos correr o risco de perder os momentos de convívio. Os
abraços. O carinho gostoso no cabelo. Ou, aquela conversa por MSN que às vezes
consome nosso dia inteiro e nem percebemos. E a explicação de tudo isso?
Claro, tinha que sobrar, como sempre, para o tal do amor.
É ele que nos permite fazer
loucuras por alguém que talvez nunca verá nosso esforço. Nunca reconhecerá
nosso zelo para vê-lo bem. Porém, não deixamos de fazê-lo.
Em tempos, a dor aperta um pouco
e sumimos por alguns dias. Inventamos uma desculpa qualquer. No fundo, estávamos
recarregando as energias para o coração aguentar firme e forte esse sentimento
que se espalha por todo o nosso ser e viver.
Queríamos conquistar, por um
momento que seja, a atenção, o carinho e admiração dessa pessoa querida. Mas é
como se fossemos pessoas neutras, incapazes de algo mais, de uma participação
maior na vida desta.
Ficamos à espreita de uma
oportunidade para se declarar, e quando essa aparece, com muito jeito
perguntamos:
“E... eu? Você... não se vê
comigo?”
Quase que sem levar a sério, e
esperando que façamos o mesmo, a pessoa responde:
“Mas oras, claro que não, afinal
de contas somos amigos.”
Desconcertados, e para não perder
a prosa, dizemos algo para despistar:
“Ainda bem que não me apaixonei
por alguém como você, imagina que tristeza ouvir isso”
Aproveitando a oportunidade,
melhor não deixar dúvidas:
“Realmente, nada pior do que se
apaixonar por alguém quando não somos aquilo que ela procura.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário