segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O amor puro e o amor a si mesmo




O amor puro e o amor a si mesmo

O que é maior e mais valioso: o amor que temos por alguém, ou o amor que alguém tem por nós? O que é mais importante: amar ou ser amado? Eu já ouvi muitas vezes estas perguntas, e, sinceramente, só vejo um único interesse nessa perplexidade: orgulho e egoísmo.

Desde o início da humanidade o amor foi o sentimento por excelência. O amor encanta, rompe obstáculos, nos faz ver o mundo por outro prisma, nos faz mudar ou reavivar nossos valores, nos faz decidir energicamente qual caminho seguir. Mas, olhando para o mundo, vendo como as pessoas dizem amar e o mostram em suas escolhas, percebo que quase ninguém entende o que de fato é o amor.

As pessoas tendem a confundir o amor puro e verdadeiro com o amor que tem a si mesmas. Em outras palavras, não amam alguém por quem ela é, mas a amam porque de alguma forma lhe convém, e só vão amá-la enquanto convém.

Ele lhe chama de linda e diz que não resiste a sua beleza, mas ele sempre vai estar ocupado demais para ouvir os seus problemas. Eles não lhe importam. Apenas sua beleza. E quando ele parar para ouvir o que você tem a dizer, irá esquecer em menos de uma hora, e praticamente sempre o fará ter algo em troca.

Ela se arruma toda para você e faz de tudo para que se apaixone por ela, e no fim das contas o que mais a torna feliz é o gostinho que sente ao contar para as amigas o presente que deu para ela, ou o quanto é louco por ela. “Ele nunca me deixaria”. Todavia, se aparecer um cara mais interessante (alguém que as amigas vão adorar), o amor dela por você acaba instantaneamente, você só vai fazer besteira a partir desse momento. Ela vai se iludir, afinal, acredita que corpo, beleza e dinheiro vão lhe fazer feliz, e diz que o ama. Porém, no fundo, ama o gosto de andar com o namorado e ver as outras mulheres babando de inveja.

Será que isso é amar alguém? Infelizmente, não. E isso tem causado o fim de muitos relacionamentos. Isso tem feito muitas pessoas desistirem do amor e julgá-lo impossível ou fantasioso. No entanto, o amor existe. Só que não está onde muitos procuram.

O amor não é a escrita da poesia, mas sim, o sentimento que cada palavra traz consigo. O amor não é um presente dado, mas o desejo de vê-la sorrir por ver o quanto se esforça para fazê-la feliz, e ser feliz também por ver o sorriso mais bonito que conhece estampado no rosto de sua amada. O amor não é estar sempre sendo elogiado e sentir-se um deus, perfeito e repleto de qualidades, mas é admirar no outro o esforço que tem para melhorar seus defeitos por você, e ajudá-lo a conseguir, não por você, mas por ela. O amor não aumenta ao sermos admirados ou queridos, mas sim quando aprendemos a admirar quem o outro representa: seus valores, suas ideias e seu modo de viver. O amor não é aquele jeito de dizer que está tudo bem quando o outro erra para não ter o trabalho e preocupação de fazê-lo ver que não deve se repetir, mas ser compreensível, atencioso e paciente, e mostrá-lo que errou por temer vê-la sofrer. O amor não faz nada para ser reconhecido ou compensado, mas é o não medir esforços para ver o outro bem. O amor, enfim, é ser feliz com a felicidade do amado, é servi-lo em cada momento da vida, não como uma obrigação, mas como proteção, companheirismo, carinho, compaixão e afeto, e ao fim do dia estar satisfeito por ver o outro bem, e não por ele ter visto o que você fez.

O amor verdadeiro é aquele que é puro. Sem segundas intenções. Sem pensar nas vantagens. Para quem ama, não existem desvantagens. Feliz quem aprendeu a amar com sincero sentimento, e sorte de quem encontrou alguém que o ame por ser quem é, e não o que aparenta. 

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